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Mia! Venho aqui com quase um mês de atraso, mas esse foi um mês muito louco pra mim e eu queria sentar e te responder com a calma e a atenção que a sua carta merecem <3

Já te disse que achei lindo demais tudo o que você escreveu. Eu li tomando café da manhã no dia da postagem e fiquei lá, emocionada, já de manhã. Achei incrível a forma como você desenvolveu a conversa que começa com o que escrevi sobre a troca de olhares em Carol. Acho que eu jamais pensaria em Keats e Fanny a partir do que escrevi, mas lendo você faz todo sentido.

No ano passado, assisti Brilho de uma paixão sem saber exatamente do que se tratava e me surpreendi muito com a história dos dois, mas principalmente com a de Fanny. Você já assistiu? Eu nunca li mais a fundo sobre eles, então não sei se o filme é fiel aos acontecimentos, mas gostei bastante dele. Lendo mais sobre Fanny depois, me surpreendi muito com toda a crítica que existia sobre ela e suas cartas. A história deles é muito bonita, e também muito triste, mas talvez seja cair nessa armadilha dos deuses que faça com que nos sintamos vivos, mesmo quando não há mais muito tempo para isso.

Concordo com você que a marca do sentimento está no rosto. Há algo de diferente na feição de alguém que ama, não é? A paixão arrebatadora tem as suas marcas, mas o amor (romântico ou não) que amadurece no tempo também muda os traços de alguém - há ternura, cuidado, carinho, cumplicidade. Acho que, em uma sociedade que tanto prega o individualismo como a nossa, permitir-se existir em compartilhamento é um ato de grande coragem. Ir contra aquilo que nos dizem para se importar, se permitir atravessar e transformar pelo outro em relações profundas. Agora, sempre que pensar em amor à flor da pele, vou lembrar do amor transbordando por todos os poros.

Assim como você, também fui cética quanto ao amor romântico por um bom tempo. Fui resistente, armei minhas defesas. Mas é bem isso que você falou: não passamos pela vida incólumes. Talvez o melhor de tudo seja descobrir no colo do outro justamente aquilo que buscamos. No fim, talvez a esperança seja aquilo que faz de nós o mais humanos que podemos ser - com todas as dores e também belezas, que uma vida esperançosa pode ter.

Muito obrigada por esse presente e sigo ansiosa por ler mais textos seus no futuro <3

Ps: Ainda não li nenhum livro da Patricia Highsmith, mas quero muito. Quem sabe neste ano?

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Que texto lindo. Vou guardá-lo com amor.

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